segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Soluções para cães e fatos abandonados - Nordman Wall*

    Os cães e gatos que estão soltos e/ou abandonados nas ruas da ilha de São Luís merecem ser considerados pelos gestores públicos da nossa cidade, sejam autoridades da esfera federal, estadual e principalmente da municipal. E o motivo dessa consideração é muito simples, é perigoso para a saúde do homem e do próprio animal ter animais desprotegidos de enfermidades incuráveis que promovem sofrimento e morte, como exemplo podemos citar a Raiva e a Cinomose canina.
    Então surge a pergunta, o que devemos fazer?
    Acreditou- se anteriormente que se houvesse o recolhimento dos cães de rua, principal transmissor da Raiva Humana e o seu sacrifício, seria facilmente controlado a população desses animais e consequentemente as doenças transmitidas por eles, pois quem adquirisse um cão teria medo da “carrocinha”, mantendo preso em casa para evitar a sua morte.
    A partir daí foram construídos os Centros de Controle de Zoonoses com canis coletivos e estruturas variáveis de sacrifício desses animais de forma coletiva, sejam por câmara de gás ou choque elétrico. Logo se viu que foram medidas ineficazes, uma vez que a reprodução de cães é intensa o que supera a quantidade de animais mortos. Além disso, a cidade cresceu muito e com ela aumentou o número de cães e gatos, vale ressaltar que os gatos não estavam inclusos neste recolhimento.
    Atualmente a ciência do bem- estar animal esclarece para o homem que matar em massa para controlar a população de cães errantes não resolve o problema, enquanto que a ética já considera que não devemos matar animais sem necessidade. Sabemos que matar os animais não interessa ao bem- estar animal, porém, como, quando e por que o animal deve morrer é condição prioritária para se buscar o melhor tratamento para essa situação.
    Tenho convicção de que a melhor proposta é investir em Programa de Saúde Animal (PSA)  que irá consistir em: cadastrar a população de cães e gatos por meio de chip, esterilizar as fêmeas que não servirão para reprodução comercial ou preservação de uma raça, construir um abrigo com canis e gatis individuais para abrigar cerca de 300 cães e 120 gatos, vacinar os cães e gatos contra Raiva e Leishmaniose canina e eutanasiar animais com enfermidades incuráveis ou impossíveis de reabilitar de forma sustentável.
    Portanto, a principal barreira que encontramos para aplicar um programa de saúde animal como esse, é o preconceito de que não devemos aplicar dinheiro público em saúde animal e para isso eu questiono, por que o Estado do Maranhão precisa gastar cerca de R$ 4.500.000,00(quatro milhões e quinhentos mil reais) por ano em tratamento profilático de mordedura de cães e gatos e continua tendo casos de Raiva Humana e Canina?
Nordman Wall é médico veterinário e professor da Universidade Estadual do Maranhão