sábado, 31 de dezembro de 2016

Crítica: Salgado Maranhão e a poesia que vai além da lógica do discurso

O poeta Salgado Maranhão, por Cássio Loredano 

*Tom Farias
RIO - Salgado Maranhão vem materializando um “modus” de poetizar a realidade em que vive sem fugir do maior pressuposto do poeta: a profundidade temática e compostura poética. Com mais de uma dezena de livros publicados, todos de poesia, e um bom número de prêmios — entre Jabuti, Academia Brasileira de Letras e Pen Clube do Brasil —, sua veia lírica tem demonstrado uma versatilidade para temas como o amor, a sensualidade, o engajamento político, a natureza, a filosofia, a religião e, sobretudo, a fé no ser humano.

    Seus últimos trabalhos, “Avessos avulsos” e “Ópera de nãos”, só referendam a trajetória de um autor cada vez mais prestigiado pela crítica e adorado pelo público. O maranhense Ferreira Gullar, recentemente falecido, tratava Salgado como uma espécie de poeta da palavra. Para Gullar, a poesia salgadiana “não hesita em ir além da lógica do discurso”.

    Líder de uma geração de grandes autores, sob a benção de Torquato Neto, mas cujo ancestral é Solano Trindade, e que nos deixou seguidores como Éle Semog, Conceição Evaristo, Nei Lopes e Joel Rufino dos Santos, a saga do menino de Canabrava das Moças, no Maranhão, onde nasceu, define bem esta mistura de “casa grande com senzala”, de que ele tanto fala e parece se orgulhar.

    Sua carreira literária, iniciada com fervor em “Ebulição da escrivatura — 13 poetas impossíveis” (1978), tangenciou seu caminho poético, o mesmo que o levaria à música, ao teatro e ao cinema, sincronizando-o com a construção de uma “lírica de caráter universal”, como bem escreveu Heloisa Buarque de Hollanda.

    O tempero e o molho empregados no seu fazer poético, muito dominante em sua criação, desde “Mural de ventos”, têm a ver com a sua criatividade inata, com o atavismo da memória do antepassado fecundado sob os acordes dos cantadores de violas e repentistas, ao tempo da lavoura dos pobres pais — ele, comerciante e agricultor branco, ela, negra, herança da escravidão, e camponesa de feições simples mas de atitude altiva e guerreira.

    No caso particular de “Avessos avulsos” e “Ópera de nãos”, percebe-se que Salgado mantém o estilo que o vem consagrando mas com a diferença de que ele se supera e se refina a cada nova obra.

    Na abertura de “Avulsos avessos”, por exemplo, o poeta se apresenta belamente com o soneto “Um outro um”, já demonstrando ao que veio: “Se me desperto acordo em alvoroço / aquela voz que sinto nos meus ossos / uma pavana feita de alarido.” Na sequência, enfileira 53 poemetos sob o único título de “Cena verbal”, com pérolas que diz: "O amor é bárbaro feito um vampiro. / Ou uma cidade de lobos insurgentes”. Ou: “Do barro que a palavra acendeu teu nome / debuta esse veneno de cerejas”.

    Já em “Ópera de nãos” vemos um poeta ainda mais bem definido na sua carpintaria: é como se seus “lacres” fossem sendo rompidos e o que se desvenda é o seu “chão de mitos”. Em “Ilhéu”, bem ao seu feitio, ele escreve: “Ouço o mar afoitando a palavra; / a palavra que é pedra que voa”.

    Em Salgado Maranhão a sintaxe das palavras vai além do subordinação e da ordem estabelecida. Certamente aí está a genialidade de textos como “Viajor”, ou “Uivo” (“Em teu uivo há uma agonia / de bicho rasgando a placenta.”)
    
    É uma poesia que cada vez mais se eleva pela lírica do sublime.

*Tom Farias é jornalista e escritor, atualmente escreve uma biografia de Carolina Maria de Jesus

“Avessos avulsos”
Autor: Salgado Maranhão.
Editora: 7Letras.
Páginas: 80.
Preço: R$ 48.
Cotação: Ótimo.
“Ópera de nãos”
Autor: Salgado Maranhão.
Editora: 7Letras.
Páginas: 88.
Preço: R$ 43.
Cotação: Ótimo.

MANCHETES DE HOJE

MARANHÃO
O Estado: Hora da virada?
REGIONAL
Jornal do Commércio: Adeus, ano velho
O Povo: Um ano sem começo nem fim
NACIONAL
Correio: Da traição à frieza de um assassinato
Estadão: Lava Jato prevê operações em mais 7 Estados em 2017
Folha: Prefeitos assumem com mais cortes e sem investir
O Globo: Decisão sobre aumento de ônibus será de Clivella
Zero Hora: Prefeitos que tomam posse temem não ter dinheiro para contas do mês

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

MANCHETES DE HOJE

MARANHÃO
O Estado: Prefeitos em fim de mandato vão receber repasse de repatriação
REGIONAL
Jornal do Commércio: Metade das escolas do Estado no ensino integral
O Povo: Acquario não terá mais dinheiro público
NACIONAL
Correio: Ano termina com reajuste a servidor e corte de gastos
Estadão: Desemprego recorde atinge 12,1 milhões de brasileiros
Folha: Alckmn decide congelar tarifas de trem e metrô
O Globo: País deve ter mais um milhão de desempregado em 2017
Zero Hora: RS é o Estado com maior saldo de emprego no país em novembro

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

MANCHETES DE HOJE

MARANHÃO
O Estado: Maranão deve ter déficit de R$ 277 milhões
O Imparcial: Pré-matrícula do ensino médio é prorrogada
REGIONAL
Jornal do Commércio: Petroquímica Suape
O Povo: Liminar do Supremo anula extinção do TCM
NACIONAL
Correio: Salário maior que a média no Brasil atrai jovens ao DF
Estadão: Temer veta ajuda a Estados falidos sem contrapartida
Folha: Após veto,Temer quer novo plano para Estados falidos
O Globo: Governo estado alívio emergencial para estados
Zero Hora: Marquezan manterá desconto de 12% do IPTU  na capital

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

MANCHETES DE HOJE

MARANHÃO
O Estado: Ano Novo com mais impostos no estado
O Imparcial: R$ 30 milhões para combate à seca
REGIONAL
Jornal do Commércio: Descontos autorizado para vendas à vista
O Povo: Camilo muda secretariado esta semana e mexe segurança
NACIONAL
Correio: Um transexual morre a dcada três dias no Brasil
Estadão: 12 estados preveem fechar 2017 com rombo nas contas
Folha: PF faz busca em gráfica da campanha de Temer
O Globo: Temer vai veter ajuda a estados endividados
Zero Hora: Sartori paga R$ 2.,260 e parcela 13º em 12 vezes

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

NOTÍCIA BOA - FAB garante 143 transplantes

Número de órgãos transportados pela Força Aérea Brasileira subiu de cinco para 148 após governo determinar que uma aeronave ficaria disponível para doadores

Depois de decreto presidencial de junho, o número de órgãos transportados para transplante no país pulou de 5, nos seis primeiros meses deste ano, para 148. Em balanço dos 200 dias de gestão, apresentado ontem, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, apontou aumento de cerca de 2.860% no transporte de órgãos pela Força Aérea Brasileira (FAB). O aumento só ocorreu depois que o presidente Michel Temer editou, em junho, um decreto para determinar que uma aeronave ficasse disponível apenas para esta tarefa.
MICHEL FILHO/28-06-2016Vida Nova. Menina Ana Júlia Alves Aleixo recebeu um novo coração vindo de Uberlândia (MG) após decreto
Temer só editou o decreto após reportagem do GLOBO mostrar que 153 corações, fígados, pulmões, pâncreas, rins e ossos deixaram de ser transportados pela Aeronáutica entre 2013 e 2015. Até então, a FAB era obrigada apenas a transportar autoridades. Já no caso dos órgãos, o serviço era feito quando havia estrutura disponível.Depois do decreto presidencial, em junho, o número de órgãos transportados chegou a 148, contra apenas cinco registrados de janeiro de 2016 até aquela data. Para garantir o serviço, foram repassados R$ 5 milhões ao Ministério da Defesa, segundo Barros. O ministro destacou que a medida traz impacto importante para a redução da fila de transplantes no Brasil:— Facilita o aproveitamento desses órgãos e com isso acelera nossa fila de transplantes.Barros apresentou ainda informações sobre 429 equipamentos hospitalares apreendidos pela Receita que serão aproveitados pelo SUS, como 53 mamógrafos, 64 macas elétricas e 22 tomógrafos. O órgão federal de fiscalização havia declarado a perda dos aparelhos, num total de R$ 17,5 milhões, devido a problemas verificados no processo de importação por parte de hospitais e clínicas. O governo agora vai avaliar o estado de conservação para poder usá-los.Outra medida destacada pelo ministro foi a expansão do prontuário eletrônico no SUS, que abrange 57 milhões de brasileiros. Segundo ele, o governo gastará mais de R$ 500 milhões para informatizar municípios e estados para chegar a 100% de transmissão de dados de saúde online. Se a meta for cumprida, o cidadão poderá avaliar e fiscalizar o funcionamento do SUS: — Cada procedimento será encaminhado ao cidadão, e ele vai avaliar o serviço. E vai conferir se foi prestado. Será, portanto, o fiscal do sistema.O ministro voltou a falar que o governo combaterá a judicialização na Saúde em duas frentes: montando um banco de pareceres e especialistas em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para auxiliar juízes em suas decisões e incorporando medicamentos muito demandados. Segundo Barros, a estimativa é que a União gaste com remédios e outros itens obtidos por decisão judicial cerca de R$ 1,6 bilhão até o fim deste ano, ante R$ 1,1 bilhão em 2015.Medidas como a inclusão de meninos na vacinação contra HPV, liberação de emendas parlamentares na Saúde e investimento em testes rápidos e vacinas contra dengue e zika também foram lembradas por Barros, que ressaltou, de forma geral, ter obtido economia por “eficiência na gestão" de R$ 1,9 bilhão. As principais ações que resultaram em diminuição de despesas foram renegociações na compra de remédios e em contratos de informática.

MANCHETES DE HOJE

MARANHÃO
O Estado: Edivaldo deve mexer na equipe em favor de aliados
O Imparcial: São Luís é a 3ª melhor capital do Nordeste
REGIONAL
Jornal do Commércio: Furtos e vandalismo na ocupação da UFPE
O Povo: RC quer priorizar medicamentos e integrar postos com hospitais
NACIONAL
Correio: O nascimeno. A esperança. A resistência. O desespero.
Estadão: Shoppings fecham 18 mil lojas em um ano
Folha: Shoppings do país fecham lojas e vendas caem 9%
O Globo: Vendas de Natal caem 4,8%
Zero Hora: A guerra do IPTU

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Bolso - Contas de telefone podem subir 20%

A determinação do STF para que as empresas de telefonia recolham ICMS vai pesar no bolso dos consumidores em 2017. Serão afetadas tanto as linhas fixas quanto as móveis. Um dos planos de celular da Vivo, por exemplo, terá alta de 19,87%. Em 2017, o brasileiro terá uma surpresa quando chegar a conta de telefone. O preço vai subir em todo o país para grande parte dos usuários de celular com planos de conta, os chamados pós-pago e controle. Esse grupo soma mais de 77,3 milhões de linhas, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Em alguns casos, a alta pode chegar a quase 20%. Para o telefone fixo — com 42 milhões de linhas em funcionamento —, o aumento deve ser de até 13%, indica estimativa feita por fontes do setor.

O aumento é fruto de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de outubro, que obriga as empresas de telefonia a recolherem o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o valor da assinatura básica (ou pacote de assinatura) que é cobrada ao consumidor todo mês. Para o STF, a assinatura mensal pode ser considerada um serviço, já que representa “a efetiva prestação do serviço de comunicação”. A decisão vale tanto para a telefonia fixa quanto para a móvel.
Os índices de aumento, no entanto, vão variar, já que cada estado tem sua própria alíquota de ICMS. No caso do Rio de Janeiro, a alíquota atual é de 30%. No início do ano, era de 29%. É uma das maiores do país, atrás de Rondônia (37%) e Mato Grosso (32%). Já São Paulo tem o menor valor do país, com 25%. No Distrito Federal, a alíquota é de 28%.
— A ação no STF começou com uma discussão sobre a incidência de ICMS na assinatura da telefonia fixa no Rio Grande do Sul. Mas os juízes entenderam que a cobrança do pacote de assinatura deveria valer para qualquer serviço de telecomunicação. No caso da telefonia móvel, os maiores afetados são os usuários de planos pós-pagos e controle, pois quase todos cobram pacote de assinatura mesmo, tendo ou não uma franquia de minutos. A classificação de pacote varia de acordo com a empresa, já que nem todos os planos cobram por um pacote de assinatura. O melhor é entrar em contato com a operadora — destacou uma fonte do setor.
RIO PODE TER NOVA ALTA No caso de um plano pós-pago da Vivo chamado SmartVivo Pós 1,5GB, o valor passará de R$ 69,99 para R$ 75,95 — uma alta de 8,57%. No caso do plano controle Vivo 700 MB 20 minutos, o valor vai subir de R$ 29,99 para R$ 35,95, ou 19,87%. A informação foi repassada pela Vivo aos clientes. Claro, TIM e Oi também terão altas, diz uma fonte. No caso da Claro, o plano controle Turbo de R$ 34,99 deve subir para R$ 40,95, um avanço de 17%. É o mesmo aumento do TIM controle Light, que pode subir de R$ 35 para R$ 40,96. Para a telefonia fixa, a assinatura da Oi, no plano básico, que hoje é de R$ 46,43, deve subir para R$ 52,39, aumento de 12,8%. A Oi informou que o repasse do ICMS será feito a partir de fevereiro. O percentual varia de acordo com o plano. TIM e Claro não comentaram.
Em nota, o SindiTelebrasil, que reúne as teles, esclarece que as empresas apenas recolhem os tributos e os repassam integralmente aos cofres públicos. “No caso da cobrança do ICMS sobre assinatura, os valores arrecadados são repassados aos estados. Nesse sentido, as prestadoras cumprem decisão da Justiça e dos governos estaduais, que definem as alíquotas a serem aplicadas”, disse o SindiTelebrasil.
Segundo a Teleco, a incidência de ICMS no setor de telecomunicações já ocorre em serviços de valor adicionado, locação e manutenção de equipamentos e rede, serviço de ativação, entre outros.
O Rio pode ter novo aumento de ICMS, para 32%, como parte do pacote do governador Luiz Fernando Pezão para sanear as contas. O aumento, aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), foi suspenso, em caráter liminar, pelo Tribunal de Justiça do Rio. A Alerj, em nota, disse que vai pedir à Justiça que reconsidere a decisão.

MANCHETES DE HOJE

MARANHÃO
O Estado: 'Aliado' de Dino, Rocha questiona pesquisa
REGIONAL
Jornal do Commércio: Medidas com foco na construção civil
O Povo: Dívida no cartão ou crédito - Parcelamento automático é alívio para consumidor
NACIONAL
Correio: Um apelo para salvar a vida de 28 mil pessoas
Estadão: No ano, país tem 3 milhões de novas ações trabalhistas
Folha: TJ barra reajuste que vereadores se deram em SP
O Globo: Só 5 de 50 setores escapam da crise
Zero Hora: Crise 'engole' o tarifaço do ICMS e receita não sobe

domingo, 25 de dezembro de 2016

Imagem do dia - Papai Noel de verdade


MANCHETES DE HOJE

MARANHÃO
O Estado: Governo incha folha com aliados do PCdoB
REGIONAL
Jornal do Commércio: Você já agiu de maneira corrupta?
O Povo: Sempre é tempo de recomeços
NACIONAL
Correio: Um Natal para agradecer
Estadão: 70% das fraudes nas cidades são em saúde e educação
Folha: Para brasileiros sucesso financeiro vem de Deus
O Globo: TCEs aprovaram contas de estados quebrados
Zero Hora: Derrota da PEC nos Poderes obriga Piratini a rever tática

sábado, 24 de dezembro de 2016

Duas histórias de Papai Noel



Charge do dia - Cabalau


MANCHETES DE HOJE

MARANHÃO
O Estado: Governo incha folha com aliados do PCdoB
O Imparcial: Concurso do IBGE com 82 mil vagas em 2017
REGIONAL
Jornal do Commércio: Juro de cartão bate novo recorde
O Povo: Sempre é tempo de recomeços
NACIONAL
Correio: Uma festa para todos
Estadão: Natal da crise faz comércio antecipar promoções
Folha: Cartão de crédito tem juro recorde de 492%
O Globo: Meireles: Rio não terá ajuda sem contrapartida
Zero Hora: Derrota da PEC nos Poderes obriga Piratini a rever tática

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

MANCHETES DE HOJE

MARANHÃO
O Estado: 29 tiros atingiram carro de jovem morta em Balsas
O Imparcial: Trãnsito de Presidente Dutra entre os mais viiolentos do país
REGIONAL
Jornal do Commércio: Pacote de Natal com menos juros e menos CLT
O Povo: Medidas atigem trabalhador, FGTS e cartão de crédito
NACIONAL
Correio: 10,2 milhões podem sacar R$ 30 bi do FGTS
Estadão: Temer libera saque total de contas inativas do FGTS
Folha: Pacote de Temer tenta agradar trabalhadores e empresários
O Globo: Refroma moderniza lei e dá mais poder a sindicatos
Zero Hora: Pressionado por crise, Temer libera saques em contas inativas do FGTS

Frase do dia

"A prática é o critério da verdade, o resto é utopia"
Sylvio Back

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

MANCHETES DE HOJE

MARANHÃO
O Estado: AL aprova orçamento, mas barra corte de gastos com mídia
O Imparcial: Governo do Maranhão recebe R$ 286 milhões nesta semana
REGIONAL
Jornal do Commércio: R$ 3,3 bi de Petrolão tipo exportação
O Povo: Em meio a briga política, Assembleia aprova extinção do TCM
NACIONAL
Correio: Pacote libera FGTS e muda lei trabalhista
Estadão: Odebrecht pagou propina de R$ 3,4 bi em 12 países
Folha: Odebrecht pagou US$ 1 bi em propina
O Globo: Conta inativa do FGTS poderá ter saque
Zero Hora: Piratini acelera processo de extinção de fundações

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

MANCHETES DE HOJE

MARANHÃO
O Estado: Governo retira projeto que prejudicaria setor da construção civil
O Imparcial: Mortalidade infantil cai pela metade no MA
REGIONAL
Jornal do Commércio: Estados ganham queda de braço
O Povo: Os 40 cruzamentos mais perigosos de Fortaleza
NACIONAL
Correio: Janot propõe à Câmara lei contra abuso de juiz e MP
Estadão: Câmara aprova ajuda a estados, mas sem exigir contrapartida
Folha: Câmara autoriza socorra aos Estados sem contrapartidas
O Globo: Sem contrapartida, socorro a Estados dificulta ajustes
Zero Hora: Assembleia aprova fim de seis fundações

CONTRAPONTO
Aceita esta contradança?
Já nos primeiros tropeços da gestão Michel Temer, o ex-presidente José Sarney analisava para amigos a conjuntura política do país.
Segundo o relato de um dos presentes, em dado momento, o peemedebista tenta acalmar o coração aflito de um interlocutor, preocupado com erros elementares cometidos pelo Palácio do Planalto.
— Com essa entourage do Michel, eles vão ser convidados a errar todos os dias.
Após uma breve pausa, o próprio Sarney arrematou, em voz tranquila:

— O problema é que eles vão aceitar o convite.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

MANCHETES DE HOJE

MARANHÃO
O Estado: UPAs da ilha podem ter atendimento paralisados
O Imparcial: Crise no empresariado - 3. 216 empresas fecham no Maranhão somente neste ano
REGIONAL
Jornal do Commércio: Terror volta a mostrar sua cara
O Povo: Pela primeira vez Camilo defende fusão de tribunais
NACIONAL
Correio: Previdência será menos dura com servidor antigo
Estadão: Ataque em Berlim mata 12 pessoas em feira natalina
Folha: Caminhão deixa ao menos 12 mortos e 48 feridos em Berlim
O Globo: Alemanha investiga mortes em mercado como atentado
Zero Hora: Pacote de tensões

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Jornalismo, produto essencial - *Carlos Alberto Di Franco

Sem jornalismo público, independente e qualificado, o futuro da democracia é incerto e preocupante
    Antes da era digital, em quase todas as famílias existia um álbum de fotos. Lá estavam as nossas lembranças, os nossos registros afetivos, a nossa saudade. Muitas vezes abríamos o álbum e a imaginação voava. Era bem legal.
    Agora fotografamos tudo e arquivamos compulsivamente. Nosso antigo álbum foi substituído pelas galerias de fotos de nossos dispositivos móveis. Temos overdose de fotos, mas falta o mais importante: a memória afetiva, a curtição daqueles momentos. Fica para depois. E continuamos fotografando e arquivando. Pensamos, equivocadamente, que o registro do momento reforça sua lembrança, mas não é assim. Milhares de fotos são incapazes de superar a vivência de um instante. É importante guardar imagens. Mas é muito mais importante viver cada momento com intensidade. As relações afetivas estão sucumbindo à coletiva solidão digital.
    Algo análogo, muito parecido mesmo, se dá com o consumo da informação. Navegamos freneticamente no espaço virtual. Uma enxurrada de estímulos dispersa a inteligência. Ficamos reféns da superficialidade. Perdemos contexto e sensibilidade crítica. A fragmentação dos conteúdos pode transmitir certa sensação de liberdade. Não dependemos, aparentemente, de ninguém. Somos os editores do nosso diário personalizado. Será? Não creio, sinceramente. Penso que há uma crescente nostalgia de conteúdos editados com rigor, critério e qualidade técnica e ética. Há uma demanda reprimida de reportagem. É preciso reinventar o jornalismo e recuperar, num contexto muito mais transparente e interativo, as competências e a magia do jornalismo de sempre. É preciso olhar para trás para dar saltos consistentes.
    “Hoje”, dizia Nelson Rodrigues, “ninguém imagina o que eram as velhas gerações românticas da imprensa. Mudaram o jornal e o leitor. No ano passado, houve uma chuva inédita, uma chuva bíblica, flagelando a cidade. Desde Estácio de Sá, não víamos nada parecido. E todo mundo morreu e desabou, e se afogou, menos o repórter. Não houve uma única baixa na reportagem. Fez-se toda a cobertura do dilúvio e ninguém ficou resfriado, ninguém espirrou, ninguém apanhou uma reles coriza. Por aí se vê que há, entre a nossa imprensa moderna e o fato, uma distância fatal. O repórter age e reage como um marginal do acontecimento. Antigamente, não. Antigamente, o profissional sofria o fato na carne e na alma.”
    Jornalismo sem alma e sem rigor. É o diagnóstico de uma perigosa doença que contamina redações. O leitor não sente o pulsar da vida. As reportagens não têm cheiro do asfalto. As empresas precisam repensar os seus modelos e investir poderosamente no coração. É preciso dar novo brilho à reportagem e ao conteúdo bem editado, sério, preciso, isento. O prestígio de uma publicação não é fruto do acaso. É uma conquista diária. A credibilidade não se edifica com descargas de adrenalina.
    É preciso contar boas histórias. Com transparência e sem filtros ideológicos. O bom jornalista ilumina a cena, o repórter manipulador constrói a história. Na verdade, a batalha da isenção enfrenta a sabotagem da manipulação deliberada, da preguiça profissional e da incompetência arrogante. Todos os manuais de redação consagram a necessidade de ouvir os dois lados de um mesmo assunto. Mas alguns procedimentos, próprios de opções ideológicas invencíveis, transformam um princípio irretocável num jogo de aparência.
    A apuração de mentira representa uma das mais graves agressões à ética e à qualidade informativa. Matérias previamente decididas em guetos sectários buscam a cumplicidade da imparcialidade aparente. A decisão de ouvir o outro lado não é honesta, não se apoia na busca da verdade, mas num artifício que transmite um simulacro de isenção, uma ficção de imparcialidade. O assalto à verdade culmina com uma estratégia exemplar: repercussão seletiva. O pluralismo de fachada, hermético e dogmático, convoca pretensos especialistas para declarar o que o repórter quer ouvir. Mata-se a notícia. Cria-se a versão.
    Sucumbe-se, frequentemente, ao politicamente correto. Certas matérias, algemadas por chavões inconsistentes que há muito deveriam ter sido banidos das redações, mostram o flagrante descompasso entre essas interpretações e a força eloquente dos números e dos fatos. Resultado: a credibilidade, verdadeiro capital de um veículo, se esvai pelo ralo dos preconceitos.
    A precipitação e a falta de rigor são outros vírus que ameaçam a qualidade. A incompetência foge dos bancos de dados. Na falta de pergunta inteligente, a ditadura das aspas ocupa o lugar da informação. O jornalismo de registro, burocrático e insosso, é o resultado acabado de uma perversa patologia: o despreparo de repórteres e a obsessão de editores com o fechamento. Quando editores não formam os seus repórteres, quando a qualidade é expulsa pela ditadura do deadline, quando as pautas não nascem da vida real, mas de pauteiros anestesiados pelo clima rarefeito das redações, é preciso ter a coragem de repensar todos os processos.
    A crise do jornalismo está intimamente relacionada com a perda de qualidade do conteúdo, com o perigoso abandono de sua vocação pública e com sua equivocada transformação em produto mais próprio para consumo privado. É preciso recuperar o entusiasmo do “velho ofício”. É urgente investir fortemente na formação e qualificação dos profissionais. O jornalismo não é máquina, tecnologia, embora se trate de suporte importantíssimo. O valor dele se chama informação de alta qualidade, talento, critério, ética, inovação.
Sem jornalismo público, independente e qualificado, o futuro da democracia é incerto e preocupante. O jornalismo precisa recuperar a vibração da vida, o cara a cara, o coração e a alma.
A todos, feliz Natal!
*Jornalista

MANCHETES DE HOJE

MARANHÃO
O Estado: Irmã de jovem morta em Balsas contesta policiais
REGIONAL
Jornal do Commércio: Projetos industriaisd evem abrir nova svagas no Estado
O Povo: Supremo recebe hoje delações de 77 executivos da Odebrecht
NACIONAL
Correio: Saiba o que vai mudar na sua aposentadoria
Estadão: Doação a chapa Dilma-Temer teve caixa 2, diz Odebrecht
Folha: Crescimento chin~es acaba e Nordeste vê crise aguda
O Globo: Violência no Rio para 33% das unidades básicas de saúde
Zero Hora: Sob pressão, Assembleia vota pacote de Sartori

domingo, 18 de dezembro de 2016

MANCHETES DE HOJE

MARANHÃO
O Estado: Classe empresarial reage contra aumento de ICMs
O Imparcial: Casarões transformados em estacionamento no centro
REGIONAL
Jornal do Commércio: Reforma da previdência: esse debate é seu
O Povo: O ano em que mentira foi mais curtida que a verdade
NACIONAL
Correio: Marcelo Caetano - Resistência à previdência vai ficar para trás
Estadão: Crise de crédito tira R$ 1 tri da economia e piora recessão
Folha: Aposentadoria de militar no Brasil é mais generosa
O Globo: Petrobras diz que fim de incetivo prejudica o Rio
Zero Hora: Por que é tão difícil barrar o caixa 2 em campanha

sábado, 17 de dezembro de 2016

MANCHETES DE HOJE

MARANHÃO
O Estado: Classe empresarial reage contra aumento de ICMs
O Imparcial: Novo salário mínimo será de R$ 945,80
REGIONAL
Jornal do Commércio: Pacote de Temer aponta um norte
O Povo: Inadimplência em Fortaleza é a menor do ano
NACIONAL
Correio: PF põe Malafaia à beira de um ataque de nervos
Estadão: Cervejaria foi usado pela Odebrecht para comprar apoio político
Folha: Réu pela 3ª vez, Cabral será julgado por Moro
O Globo: Jornada de trabalho flexível será permitida
Zero Hora: Por que é tão difícil barrar o caixa 2 em campanha

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

MANCHETES DE HOJE

MARANHÃO
O Estado: Deputados aprovam aumento de ICMs
O Imparcial: Pacotão para salvar a economia
REGIONAL
Jornal do Commércio: Incentivo ao crédito e ao págamento de dívidas
O Povo: Pacote alivia dívidas de empresa e reduz  juros do cartão
NACIONAL
Correio: Governo lança 10 medidas para destravar a economia
Estadão: Temer lança pacote: mercado vê efeito só no longo prazo
Folha: Temer esteve em reunião sobre doações, diz delator
O Globo: Pacote incentiva redução de dívida e eleva ganho do FGTS
Zero Hora: Temer lança pacote que inclui mudanças no FGTS

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

MANCHETES DE HOJE

MARANHÃO
O Estado: Maranhense vai pagar mais R$ 250 milhões em impostos
O Imparcial: Parcelamento em 20 anos - Dívidas dos estados serão renegociadas
REGIONAL
Jornal do Commércio: Governo suspende férias de policiais em dezembro
O Povo: STF manda Câmara votar pacote anticorrupção de novo
NACIONAL
Correio: Meirelles afirma que país volta a crescer em 2017
Estadão: STF manda Câmara votar de novo pacote anticorrupção
Folha: Pacote anticorrupção causa choques no STF e na Câmara
O Globo: Supremo anula votação que desfigurou pacote
Zero Hora: Socorro aos Estados dará fôlego de R$ 8,7  bi ao RS

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Livro e show inspirados em Maria Aragão

     "Um evento para o nosso tempo.” Assim está sendo definido o lançamento do livro “Uma subversiva no fio da história”, do jornalista Emilio Azevedo, que ocorrerá no próximo dia 14 de dezembro, às 19h, no Teatro João do Vale (Praia Grande) e que será marcado por um show da cantora Tássia Campos. O show é inspirado no livro. Mas, como diz Tássia, “ele tem vida própria”.  “O que eu e Emilio queremos é que o show, de certo modo, amplie o discurso do livro”.
     O trabalho de Emilio Azevedo traz nove reportagens sobre a médica comunista Maria Aragão e o tempo em que ela viveu. Ele parte de cinquenta e uma entrevistas, feitas entre os anos de 2007 e 2009. A partir da vida de Maria, o livro fala dos conflitos de gênero e da luta feminista; da medicina e suas questões éticas; da ditadura e do golpe de 1964; de poderosas oligarquias; da imprensa popular; de organizações e movimentos sociais; da relação entre igreja e política; além do mito criado em torno da subversiva maranhense.
     Segundo o autor, o livro trata de uma mulher negra que foi “aliada política dos pobres e miseráveis”, da história de “uma médica despojada, presa por razões ideológicas nas décadas de 1950, 60 e 70. Que se impôs diante de diferentes preconceitos e foi torturada por uma ditadura, quando era uma senhora com mais de 60 anos”.
     Emilio Azevedo lembra que “Maria Aragão foi pejorativamente chamada de prostituta pelos religiosos de sua época, acusada de ter pacto com o diabo”. Tempos depois, “tornou-se referências para cristãos libertários”. Nascida no Maranhão, em 1910, fundou um jornal alternativo e fez oposição às oligarquias que encontrou pela frente. O livro debate o fato de, por conta da ação política de Maria, “a cidade de São Luís ter ganho uma obra projetada por Oscar Niemayer, um dos arquitetos de maior notoriedade no século XX”.
     A partir das nove reportagens, “Uma subversiva no fio da história” propõe uma reflexão sobre a importância da vida de Maria Aragão e deixa no ar as perguntas: “além de uma praça-memorial na capital maranhense, o que essa luta deixou para a atual e as futuras gerações? O que fica como valor educativo? Qual seu legado para um país marcado pela profunda desigualdade social e conflito de valores?”. 
     O show de Tássia Campos vai reunir canções de diferentes épocas, a partir do talento de vários compositores e intérpretes. No dia 14 de dezembro passarão pelo palco do João do Vale obras de Chiquinha Gonzaga, Dolores Durans, Nara Leão, Mercedes Sosa, Rebeca Lane, Chico Buarque de Holanda, Secos e Molhados, Cesar Teixeira, Milton Nascimento, Manu Chao, Pablo Milanés, Marcos Magah, Johnny Hoocker, Zé Keti, Milton Nascimento, Sergio Sampaio, Gilberto Gil, entre outros.

Sobre Tássia Campos
     Tássia começou a cantar aos 15 anos. Seu repertório é eclético, incluindo samba, reggae, bossa nova, rock, soul, blues, jazz, rap. Interpreta em português, inglês e castelhano. Nascida no bairro da Liberdade, lembra que “cresceu embalada pelas zabumbas do Boi de Leonardo”.  Em 2015, ganhou o prêmio de melhor show do ano, em São Luís, oferecido pela Rádio Universidade FM, com Uma é pouco, duas é bom e três é bem melhor, onde dividiu o palco com Camila Boueri e Milla Camões. Em 2016, entre os vários shows  deTássia, ficou marcado “Encontrando Belchior”.

Sobre Emilio Azevedo
     Em pouco mais de 20 anos de carreira, Emilio trabalhou em vários locais, incluindo o Jornal Pequeno, onde ficou de 1999 a 2001, tendo depois publicado vários artigos no JP.Desde 2009, ele dedica-se a chamada “mídia livre”, sendo um dos fundadores do jornal Vias de Fato, projeto de comunicação alternativa. Uma subversiva no fio da história é o seu terceiro livro. Antes, publicou Havana, dezembro de 1999 (2000) e O Caso do Convento das Mercês (2006). Participou também de outros dois livros, a segunda edição de Grilagem: corrupção e violência em terras do Carajás (2009), do padre canadense Victor Asselin, e de Maranhão ensaio de biografia e história (2011), organizado pelos historiadores Yuri Costa e Marcelo ChecheGalves. 

MANCHETES DE HOJE

MARANHÃO
O Estado: Governo quer elevar conta de luz dos maranhenses
O Imparcial: Prefeituras investigadas - Contratos irregulares chegam a R$ 230 milhões
REGIONAL
Jornal do Commércio: PEC do Teto é maior vitória de Temer
O Povo: Governo aprova teto dos gastos, mas perde apoio no Senado
NACIONAL
Correio: O que muda na economia com aprovação da PEC
Estadão: PEC do teto passa e mercado prevê guerra na Previdência
Folha: Em votação apertada, Senado aprovou teto de gastos federais
O Globo: Após teto dos gastos, cresce urgência por Previdência
Zero Hora: Impasse barra votação antecipada de pacote

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

MANCHETES DE HOJE

MARANHÃO
O Estado: Menos passageiros no aeroporto
O Imparcial: Nove grandes concursos previstos para 2017
REGIONAL
Jornal do Commércio: Temer cobra pressa à Lava Jato
O Povo: Estado corta salários e pastas para economizar R$ 850 milhões
NACIONAL
Correio: Temer cobra celeridade à Lava-Jato
Estadão: "Temer diz que vazamento de delação atrapalha a economia
Folha:Temer critica vazamento e pede rapidez em delações
O Globo: Vazamento parcial afeta economia, diz Temer
Zero Hora:  Temer aposta em PEC do Teto para contornar crise

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

MANCHETES DE HOJE

MARANHÃO
O Estado: Maranhão se despede de João Castelo
O Imparcial: Morre o deputado João Castelo
REGIONAL
Jornal do Commércio: Na Série A e na Sula
O Povo: Pressão aumenta e Temer prepara "pacote de bondades"
NACIONAL
Correio: Governo tenta sair do foco das delações
Estadão: "Não sou candidato e especulações só atrapalham o país", afirma FHC
Folha: Mariana é líder em todos os cenários de 2º turno
O Globo: Para conter crise, Temer aposta em saída econômica
Zero Hora: Temer tenta reagir a delação da Odebrecht

Roberto Justus - Uma piada de mau gosto na política brasileira


domingo, 11 de dezembro de 2016

Desobediência civil - JOSÉ PADILHA

O explorado do sistema político brasileiro deve se perguntar: se a lei não se aplica a todos, por que diabos se aplicaria a mim?

A História recente do Brasil se caracteriza pela substituição de uma ditadura de direita, que controlava o país na ponta da baioneta e explorava a sociedade auferindo “vantagens competitivas” para grupos empresariais “amigos” do regime, por um mecanismo de dominação mais suave, em que a democracia e as eleições diretas legitimam a exploração econômica da sociedade por grandes fornecedores do Estado associadas a quadrilhas travestidas em partidos políticos.

Uso o termo “mecanismo de exploração” porque, de fato, opera no Brasil um mecanismo amplo e recorrente, empresarial e juridicamente estruturado, que tem a função precípua de desviar recursos públicos. Os recursos públicos, evidentemente, nada mais são do que uma parcela do trabalho e do esforço do cidadão comum, no caso, o explorado. Este mecanismo funciona da seguinte forma: Os partidos ou as coligações de partidos políticos que vencem as eleições indicam seus operadores para cargos-chave da administração pública. A função dos operadores é costurar acordos com cartéis e empresas fornecedoras de bens e de serviços para o Estado, de modo a superfaturar os orçamentos do setor público (Nestor Cerveró é um exemplo de operador).
O direito de indicar um operador para um cargo público é a principal moeda de troca dos partidos políticos brasileiros, sendo parte essencial das relações entre o Poder Executivo e o Legislativo em todas as esferas do poder público. Uma diretoria da Petrobras ou uma presidência do BNDES valem muito. Já o controle do Daerp, Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto, vale menos. Mas vale alguma coisa. O mecanismo de exploração a que me refiro não abre mão de um único orçamento público, por menor que ele seja.
Os orçamentos públicos superfaturados geram uma receita “extra” para as empresas fornecedoras do Estado. Essa receita, apesar de ser fruto de corrupção, entra legalmente na contabilidade dessas empresas. Todavia, parte dela pertence aos políticos e precisa ser repassada para eles. O repasse acontece de três formas:
1) Parentes, prepostos e amigos dos políticos formam empresas que prestam serviços para as fornecedoras do Estado. Em troca desses “serviços”, recebem espantosas remunerações, que nada mais são do que o kick-back da corrupção. (A GameCorp, do filho de Lula, faturou mais de R$ 350 milhões entre 2005 e 2017. O escritório de advocacia da mulher de Sérgio Cabral faturou R$ 35 milhões durante os mandatos do seu marido). Note que não há caixa dois nesse esquema. É tudo por dentro.
2) Por meio da doação “legal” de recursos para campanhas políticas. Nesta modalidade, também não há crime fiscal atrelado ao crime de corrupção. Esse tipo de repasse é particularmente perverso, pois aufere vantagem competitiva a políticos corruptos e transforma campanhas políticas em atividades criminais. (Muita gente boa defende Dilma Rousseff alegando ser este o seu único crime...)
3) A lavagem de dinheiro é, de longe, a forma de repasse que movimenta o maior volume de recursos. Tanto assim que demanda mão de obra especializada. O doleiro, profissão peculiar do Brasil, tem a função de montar empresas fajutas, de emitir notas frias para retirar recursos da contabilidade das fornecedoras do Estado, e de distribuir esses recursos para os políticos. Organiza entregas de maletas com dinheiro vivo, paga despesas para políticos (e para suas amantes), viabiliza aportes de caixa dois em campanha eleitoral e faz remessas para empresas offshore. Um verdadeiro concierge do crime.
Essas três formas de kick-back constituem, de longe, a maior parte da receita dos políticos e de seus partidos. (Note o absurdo dessa frase, que, no entanto, é verdadeira). Note ainda que o mecanismo descrito acima obedece um padrão de fractal, e se repete em todas as esferas do poder público “democraticamente constituído” no país: no governo federal, nos 26 estados , nas 5.570 cidades e em suas respectivas Assembleias Legislativas.
Obviamente, um sistema de exploração com tal extensão e profundidade só pode existir mediante a adoção de legislação especializada (o foro privilegiado é apenas um exemplo) e com a conivência e a participação do Poder Judiciário. De fato, a aceitação da corrupção sistêmica pelo Poder Judiciário sempre foi uma característica básica da democracia brasileira. Tanto assim que, desde 1988, mais de 500 parlamentares foram investigados pelo STF, tendo a primeira condenação ocorrido apenas em 2010. A absolvição de políticos por prescrição de pena, simples e cinicamente porque o STF não teve tempo para julgá-los, é lugar-comum. Assim como, tenho certeza, é lugar-comum a corrupção de magistrados das mais altas Cortes do país.
O mensalão e a Lava-Jato representam quebras desse paradigma. Resulta daí a sua importância histórica, e resultam daí, também, os ataques da classe política ao Poder Judiciário, evidenciados em projetos de lei feitos para coibir juízes e procuradores e em proposta de anistia para crimes atrelados ao caixa dois.
Desde o início de nossa incipiente democracia, bilhões e bilhões de dólares foram desviados dos cofres públicos, afetando negativamente a Educação, a Saúde, a Segurança Pública e a economia, e contribuindo para a pobreza e para a fome de milhões de brasileiros. Os nossos exploradores “democráticos”, empresários e políticos, têm sangue nas mãos. Mataram muita gente. Destruíram sonhos e desperdiçaram talentos.
Ao manter um cidadão, réu de crime de peculato e que se recusou a cumprir ordem judicial, solto e presidente do Senado, o STF confirmou que é subserviente ao mecanismo de exploração descrito acima, lançou sérias dúvidas sobre a honestidade de seus membros e aboliu a vigência da lei para os poderosos. Isso em plena luz do dia. Difícil imaginar argumento melhor a favor da desobediência civil, a tese de que um indivíduo pode, ou mesmo deve, se recusar publicamente a cumprir a lei quando confrontado por um Estado inerentemente injusto.
O filósofo americano Henry David Thoreau praticou a desobediência civil quando se recusou a pagar impostos para um governo que considerava a escravidão legal. A História, diga-se de passagem, deu-lhe razão. Pois bem. O explorado do sistema político brasileiro, o cidadão comum que não tem Segurança Pública, que convive com um sistema de Saúde caótico e que não tem acesso à Educação, mas que paga seus impostos regiamente, deve estar se perguntando: se os políticos roubam o meu dinheiro com a conivência do Judiciário, se a lei não se aplica a todos, por que diabos se aplicaria a mim?