quarta-feira, 24 de abril de 2024

NOS JORNAIS

                                                                                                                                                                                                                                        Ônibus com 'tarifa zero' aos domingos e feriados é aprovado na Câmara de São Luís

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terça-feira, 23 de abril de 2024

NOS JORNAIS

                                                                                                                                                                                                                                       Governo Brandão lança Maranhão Alfabetizado

  

 Sistema de pagamento do governo é alvo de ataques

Lula cobra de Haddad que leia menos e negocie mais com o Congresso

                                                                                                                              

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Brasilia Negra - Ana Cristina Rosa



Para celebrar o aniversário da capital, sugiro uma visita guiada por esse universo ocultado. O tour organizado pela agência Me Leva Cerrado é capaz de revelar a Brasília Negra ao passar por locais (como o Museu Vivo da História Candanga e a Galeria dos Estados) que guardam uma parte da história que a história oficial quis apagar. Antes de abrigar os principais prédios públicos do país, a Esplanada dos Ministérios era um campo aberto onde descendentes de escravizados levavam o gado para pastar. Contudo a ideia que se consolidou no imaginário coletivo é a de que a moderna capital da República foi erguida em território livre e desocupado no Planalto Central.

Na realidade, pessoas e culturas já instaladas na região foram ignoradas para que se criasse a cidade. O mesmo se deu com os candangos (trabalhadores que ergueram a cidade), para os quais não foi previsto espaço na nova capital.Brasília, fundada em 21 de abril de 1960, chega aos 64 anos como a cidade mais segregada do mundo (segundo a OCDE). Não por acaso, a maioria (57,4%) da população do DF se autodeclara negra (Mapa das Desigualdades) e a maior favela do país (Sol Nascente) está situada a 35 quilômetros do centro.

Atualmente, o Distrito Federal possui em seu entorno quatro quilombos: Moinho, Kalungas, Flores e Mesquita. Duas localidades fora do Plano Piloto (SCIA e Estrutural) concentram 75,4% das pessoas negras, apresentam a menor renda domiciliar (inferior a dois salários mínimos) e a maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes (50,8).

Cotidianamente, Brasília atrai pessoas de todo o país e do mundo inteiro. No entanto poucos conhecem a participação de pretos e pardos na constituição do DF em razão do apagamento de personagens e do protagonismo negros dessa história.

*Jornalista especializada em comunicação pública e vice-presidente de gestão e parcerias da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública)

NOS JORNAIS

                                                                                                                                                                                                                                      Governo do Maranhão lança hoje Loteria Esportiva Maranhense

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Minha Casa tem alta procura após ser turbinado pelo governo



                                                                                                                              

domingo, 21 de abril de 2024

NOS JORNAS

                                                                                                                                                                                                                                            Poder Supremo - Flávio Dino intima o presidente Lula, o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco

  Daniel dá outro calote e outro hospital deve fechar em Ananindeua

 

A cidade que não para de surpreender




                                                                                                                              

sábado, 20 de abril de 2024

Criminal country - Muniz Sodré

 


Inconcebível que 129 parlamentares sejam favoráveis à autoria da execução da vereadora Marielle Franco

Num país cuja república rezou pelo catecismo positivista, apostando no progresso como desenvolvimento da ordem, é tentador invocar o evolucionismo de Augusto Comte para abordar situações sociais. Ainda que a involução dê a tônica. É o caso da segurança pública, que vira questão nacional, decisiva para avaliação do nível de vida, tanto por autoridades como por humildes componentes da cidadania urbana. Talvez seja hoje o único ponto de consenso entre elites e povo.

O problema é do país inteiro, mas o Rio oferece maior espelhamento pela magnitude da promiscuidade entre política e crime: o fato social desaparece num Triângulo das Bermudas da civilidade. Não mais Estado paralelo, mas "infiltração do Estado formal pelo crime", como sustenta o jurista Abel Gomes (em "Crime Organizado e suas Conexões com o Poder Público"). Milicianiza-se a existência, basta curto percurso de táxi para ouvir uma história de vida abusiva.

Na rotina de um motorista, morador do Complexo do Lins, o dia começa com a dificuldade de tirar o seu táxi da rua, bloqueada por barras de ferro. Paga a garotos para retirar e recolocar a barreira. Ao tráfico, paga taxa semanal, "gatonet" e ambígua garantia de segurança. Ainda assim, avalia estar melhor do que no Complexo de Israel, distante a quilômetros de sua casa, onde traficantes pentecostais tocam o terror com o "bonde de Jesus". Maior preocupação é o filho, estudante em Seropédica, onde milicianos cobram taxa para festas no espaço universitário ou nos quintais particulares. Detalhe: o cobrador recolhe a cota da milícia e a da polícia.

Na espoliação ultrajante espelhada numa história individual transparece o cotidiano de 60% do território urbano. Atingiu-se patamar catastrófico, não dá mais para encobrir a realidade com a opção da "avestruz" carioca, que recomenda à vítima silenciar a violência sofrida, "é feio".

Evolucionismo é evocação do positivismo para sugerir a passagem do estado de cleptocracia (algo como Putin e oligarcas russos) ao de criminal country, expressão americana para a disseminação do crime no corpo social, como células cancerosas na metástase: um país de criminosos. O estado evolutivo final, o humanismo positivista segundo Comte, regrediu a uma pulsação teológica, mergulho de cabeça no atraso.

Já em sobressalto, fica-se sabendo da vexatória leniência do STF com um "capo" da contravenção carioca. Mas a apertada votação da Câmara sobre a prisão de mandante do assassinato de Marielle ratifica o status de criminal country. Falou alto o medo da "famiglia": inconcebível que 129 parlamentares sejam favoráveis à autoria da execução de uma vereadora em exercício de mandato. Novamente se quebrou, por voto metafórico, uma placa com o nome da morta. Só que desta vez a baixeza é federal.