quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Catullo da Paixão Cearense além da feira

       
Catullo da Paixão Cearense (*8.10.1863 - + 10.05.1946 )deve continuar na gaveta literária maranhense.  Homenageado na 7ª Feira do livro no aniversário de 150 anos de seu nascimento, bem que o escritor merecia.
    Nascido no Maranhão, Catullo jamais teve sua obra no prelo ou catálogos das instituições literárias mais renomadas da terra natal. Por aqui, sua obra se resume a “Luar do Sertão”, e pouca coisa mais para os iniciados nas letras.
    Popularmente, é mais conhecido pela estátua desprezada em frente ao estádio Nhozinho Santos, relativamente distante do sobrado nº 66 da rua Grande, onde nasceu o filho de Amâncio José da Paixão Cearense.
    O pai, deixou pra traz o Maranhão e o nome envolvido no crime passional do desembargador Pontes Visgueiro, clássico da histórica jurídica brasileira. Foi ele quem fez o caixão no qual foi depositado o corpo de Maria da Conceição “Mariquinhas”, vítima da fúria libidinosa de Visgueiro (em breve a história ganha versão no cinema e HQ do chargista Cordeiro Filho). O filho também se exilou do torrão pra nunca mais voltar.
    Aos dez anos Catullo deixou o Maranhão, indo para o sertão do CEará. Aos 16 foi para o Rio de Janeiro.O retorno foi somente agora em 2013. Mas, de forma tímida como convém nosso parco universo cultural, um cadinho melindroso e deliberadamente elitista. Afinal, a Athenas ainda é aqui.
    A faceta musical de Catullo da Paixão Cearense  é mais projetada. Sobre o violão confessou: "eu fiz deste instrumento dos peraltas/um irmão do violino e mais:- do piano!.  Tamanho talento o transformou no personagem "Ricardo Coração dos Outros, do romance "O Triste fim de Poicarpo Quaresma", de Lima Barreto.   Como múltiplo que era, deixou rastros pra tudo quanto é lado das artes. Um deles é “O Lenhador”, obra primorosamente editada pela Peirópolis,  com endereço conhecido na Vila Madalena da capital paulistana.
    Organizada por Francisco Marques, Chico dos Bonecos, a obra é um poema em voz alta ilustrado por Manu Maltez e dedicado à memória de Paulo Silva Araujo.
    Há um capítulo na obra "Um boêmio no céu" (autobiografia autorizada), de Catullo da Paixão Cearense, escrito por Guimarães Martins intitulado "O artista que só não deslumbrou os imbecis" que sintetiza a importância que dele para o Brasil do início do século X e por séculos e seculori.
    Sobre sua biografia escreveu Humberto de Campos em "Perfis- segunda série"(editora Mérito - Rio de Janeiro, 1936):
    No dia 5 de julho de 1908, um acontecimento marcou a história da música no Brasil:
"Por esse tempo, o violão era considerado, no Rio, uma espécie de arma proibida. Andar com um violão alta noite, era trazer consigo um atestado de má conduta, uma prova de que pertencia à numerosa classe dos...desclassificados. E foi quando Catullo surgiu.
    Era uma festa de beneficência no antigo Instituto de Música. Vários números foram executado, no piano e no violino. E esperavam, todos, um poeta que recitasse, ou uma soprano, que vomitasse os pulmões, quando apareceu no tablado, os olhos afundados na testa, o nariz longo, de quem cheira longe, um rapazola de aspecto popular, agarrado a um violão.
    A decepção foi geral, no primeiro momento. O rapazola sentou-se, porém,.desembaraçado, cruzou as pernas, curvou o rosto em cima do pinho, chegou-o mais ao coração, e a primeira nota partiu, primeiro do instrumento, depois, do peito comovido. E estalou, pela primeira vez, num salão aristocrático do Rio de Janeiro, acompanhada pelas cordas de um violão, a modinha nacional".
    Para história, entrou definitivamente a letra  para  'Engenho do Humaitá", de João Pernambuco, que originaria o "hino nacional do coração brasileiro": a canção "Luar do sertão".

Sobre "O Lenhador"


Oi Catullo!

Como a gente anda londe das canduras de Catullo!
Acho que a natureza agora está chorando inteira.
Por todos os seus rios, por todas as suas conchas, por todas as suas árvores. Parece que o homem enlouqueceu. Agora nem usa machado mais, usa serra. E vai serrando as árvores por hectare. As florestas sangra,. Não temos mais a Vó para chorar a dor das árvores. Só os passarinhos choram. Os nossos meninos sabem pouco sobre a dor das árvores. Nós sabemos pouco.
Oi Catullo! Sabemos pouco ou quase nada sobre o coração das árvores. Eu, de minha parte, só penso em desver este mundo tão malvado com a natureza. Mas para desver este mundo precisei inventar outro. Eu escondi as árvores no olha do sapo! Agora as árvores estão escondidas no olhar dos sapos! Se o lenhador quiser cortar uma árvore, o sapo fecha o olho!
Oi Catullo!
Manoel de Barros
Um epitáfio para Catullo da Paixão Cearense

Catullo não morreu: luarizou-se
Mario Quintana
Da obra “A cor do invisível”. Mario Quintana. São Paulo, Editora Globo, 206. Segunda edição. Página 120

O Lenhador
Um lenhadô derribava
as árvre, sem percisão,
e sempe a vó li dizia:
“Meu fio: tem dó das árvre,
que as árvre tem coração”!

O lenhadô, num muxoxo,
e rindo, cumo um sarvage,
dizia que os seus consêio
não passava de bobage.


Às vez, meu branco, o marvado,
Acordando munto cedo,
Pegava no seu machado,
E levava o dia intero,
Iscangaiando o arvoredo.
E a vó, supricando im vão,
sempe, sempe li dizia:
“Meu fio: tem dó das árvre,
que as árvre tem coração”!

Numa minha, o mardito,
inda mais briuto que os bruto,
dem fazô caso dos gritos
da sua vó, que já tinha
mais de noventa janêro,
botou no chão um ingazêro,
carregadinho de fruto.

D´outra feita, o arrenegado
fez pió, muito pió!
Disgaiou a laranjêra
da pobreizinha da vó,
uma veia laranjêra,
donde ela tirou as frô
 pra leva no seu vistido,
quando, virge, si casou
cum o véio, que tanto amou,
cum o difunto...o falicido!!

E a vó, supricando im vão,
Sempre, sempre li dizi
“Meu fio: tem dó das árvre,
que as árvre tem coração”!
Do outro lado do capinzá
Adonde pastava o gado
Tava um grande e véio ipô,
Que o avô tinha prantado.

Depois de levá na roça
c´uma inxada a iscavacá
debaxo daquela sombra,
nas hora quente do dia,
vinha o véio a discansá.

Se era noite de lua,
ali, num banco de pedra,
c´uma viola conversando,
o véio, já caducando,
rasgava o peito a cantá.

Após, meu branco, o tinhoso,
o bruto, o mau, o tirano,
a fera disnaturada,
um dia jogou no chão
aquela árvre sagrada,
que tinha mais de cem ano!

Mas, porém, quando o tinhoso
isgaiava o grande ipê
viu uns burbuio de sangue
do tronco veio iscorrê!

Sacudiu fora o machado,
e deu de perna a valê!

E foi correndo!...correndo!!
Cada tronco que ia vendo
das árvre que ele torou,
era um braço alevantado
dum home, meio interrado
a gritá: “Vai-te, marvado!...
Assassino!...Matadô!
Foi Deus quem te castigou”

E foi correndo!...correndo!!

Cada vez corria mais!

Mas porém, quando, já longe
Uma vez oiou pra trás
Vendo o ipê alevantado
Cumo um home insanguentado,
Cum os braço todo torado...
Cada vê curria mais!

Na barranca do caminho,
abandonado, um ranchinho
entre os mato entoce viu!
Qué vê se isbarra e discansa
e o ranchinho, pru vingança,
im riba dele caiu!

E foi correndo e gritando
E as árvre, que ia topando,
e que má pudia vê,
cumo se fosse arrancada
cum toda a raiz da terra,
numa grande adisparada
ia atrás dele a corrê!!

Na boca da incruziada
vendo uma gruta fechada
de verde capuangá,
o home introu pulos mato,
que logo que viu o ingrato,
de mato manso e macio,
ficou sendo um ispinhá!

E foi outra vez correndo,
cansado, pulos caminho!...

Toda a pranta que incontrava,
o capim que ele pisava
tava criado de ispinho!!!

Curria ... e não aparava!!!

Ia correndo, sem tino,
cumo o marvado, o assasino,
que um inocente matou!

Mas po´rme, na sua frente,
o que ele viu, de repente, 
que, de repente, impacou?!

Era um rio que passava,
ali, naquele lugá!!
O rio tinha uma ponte,
que nós chamemo - pinguela...

O home foi atravessá!
Pôs o pé...lá passando...
E a ponte rangeu, quebrando...
e toca o bicho a nadá!!!

O bruto tava afogando,
mas porém, sempre gritando:
"Socorro, meu Deus, socorro!
Socorro, que eu vou morrê!!
Eu juro a Deus, supricando,
nunca mais na minha vida
uma só árvre ofendê!!!"

Entonce, um verde ingazêro
que tava im riba das água
isticou um braço verde,
dando ao home a sarvação!

O home garrou no gaio,
no gaio com os dente aferra,
foi assubiando...assubiando...
e quando firmou im terra,
chorava cumo um jobão!

Bejando o gaio e chorando,
dizia:"Muito obrigado!
Deus te faça, abençoado,
todo o ano tê verdÕ!
Vou rebentá meu machado!
Quero isquecê meu passado!
Não seria mais lenhadô!"

Depois dessa jura santa,
pra tê de todas as pranta
a graça, o perdão intêro
dos crime de home ruim,
foi se fazê jardinêro,
e não fazia outra coisa
sinão tratá do jardim.

A vó, que já carregava 
mais de noventa janêro,
dizia que neste mundo
nunca viu um jardinêro
que fosse tão bom assim!

Drumia todas as noite,
dexando a jinela aberta,
pra iscutá trodo o rumô,
e às vez, inté artas hora,
ficava, ali na janela,
uvindo o sonho das frô!

De minhã, de minhã cedo,
lá ia sab^}e das rosa,
dos cravo, das sempe-viva,
das manguinólia cherosa,
se tinha drumido bem!

Tinha cuidado cum as rosa
que munta vó carinhosa
cum os seus netinho não tem!

Dizia a uma frô: "Bom dia!
Cumo tá hoje vremêia!..."
Dizia a outra: "Coitada!
Perdeu seu mé!...Foi robado!
Já sein quem foi!...Foi a abêia!"

Despois, cum pena das rosa,
que parece que chorava,
batis leve no gaio,
e as rosa desavexava
daqueles pingo de orvaio!

Ia panhando do chão,
as frô que no chão caía!

Despois, com as costa da mão,
alimpava os pingo d´água
que vinha do coração,
batia im riba do peito,
cumo quem faz confissão.

Quando no sino da ingreja
tocava as Ave-Maria,
nos cantêro, ajueiado,
pidia a Deus pulas armas
das frô, que naquele dia,
no jardim tinha interrado!

E agora, quando passava
junto das árvre, cantando,
cheio d´água, carregando
o seu véio regadô,
as árvre, filiz, contente,
que o lenhadô perduava
no jardinêro atirava
as suas parma de frô!

MANCHETES DOS JORNAIS

Estado
O Estado do MA:13º injetará R$ 1,9 bilhão na economia do Maranhão
Região
Jornal do Commercio:Começa a guerra à dengue
Meio-Norte:Portal Meio Norte ultrapassa 1 milhão de fãs no Facebook
Nacional
Correio Braziliense:Seguro de vida de 180 mil servidores está por um fio
Estadão:Prefeitura descobre fraude na gestão Kassab e irrita PSD
Estado de Minas:Cota racial na Câmara
Folha:Operação prende chefia de arrecadação da gestão Kassab
O Globo:Números da violência no Rio: Assassinatos subiram 38% no estado e 19%
Valor: OGX sucumbe com dívida de R$ 11 bi
Zero Hora:Calote de R$ 11,2 bi de Eike é o maior da América Latina

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Frase do dia - CABO CAMPOS

"É mais fácil o Capitão Caverna ou o Capitão América virar coronel que um capitão da PM do Maranhão conquistar a patente"
Cabo Roberto Campos durante manifestações de policiais militares na avenida D. Pedro II, em São Luís (MA)

OGX agenda para novembro inauguração de termelétrica em Santo Antonio dos Lopes

    O empresário Eike Batista agendou para o dia 7 de novembro a inauguração do empreendimento da OGX Petróleo e Gás Participação,  empresa do grupo EBX,  no município de Santo Antonio dos Lopes. Ele deve vir ao Maranhão participar da solenidade.
    Eike Batista que já foi o "homem mais rico do Brasil", controlava até maio deste ano oito empresas do ramo do petóleo e gás: OGX, MMX, MPX, OSX e CCX. Ao menos três destas empresas atuam no estado do Maranhão.
     Na segunda-feira passada, 28, a Eneva, empresa controlada pela alemã E. On e que assumiu a MPX,do conglomerado de Batista, fez um acordo com o OGX do Maranhão, aumentando sua participação em caso de inadimplência.


Phill Veras vai reinuagurar Teatro da Cidade de São Luís

   
O cantor e compositor maranhense Phill Veras, que participou da edição deste ano do Rock in Rio, será a atração de reabertura do Teatro da Cidade de São Luís, órgão da Fundação Municipal de Cultura da Prefeitura de São Luís. O show de Phill Veras será no dia 9 de novembro, às 21 horas, data provável da reinuguração do espaço cultural.
    Em janeiro o artista vai gravar CD e DVD ao vivo no Teatro Arthur Azevedo.
   
Antigo prédio do Cine Roxy inaugurado em 1939
Inaugurado em junho de 2012, o Teatro funciona no antigo prédio do Cine Roxy, conhecido no século passado como cinema das estrelas. Criado pela Lei municipal nº 5.604, de 18 de janeiro de 2012, a obra de restauração do prédio de 1939 foi realizada pela Fundação Municipal do Patrimônio Histórico, Fumph, na administração do prefeito João Castelo (2009-2012), com recursos do PAC Cidades Históricas no valor de R$ 1.239.518,41, sob supervisão da Superintendência regional do Instituto do Patrimônio Artístico Nacional,Iphan.
    Em abril deste ano, nove meses após a inauguração, o teatro foi interditado pela Func, na gestão do professor Francisco Gonçalves, após desabamento de parte do telhado. Gonçalves conta que por um lance de sorte o telhado não ruiu totalmente. Com o acúmulo de folha de árvores que sombreiam o telhado do antigo Cine Roxy, formou-se uma poço de água de chuva sobre as telhas, cujas goteira acabaram provocando queda do forró. Daí foi descoberta outras irregularidades da construção, além da fiação elétrica e outros problemas estruturais.

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FOLHA diz que Flávio Dino tem apoio de Dilma,Campos e Aécio e candidato do grupo Sarney é indefinido

    A presidente Dilma Rousseff (PT) largou na frente na montagem de palanques de apoio na região Nordeste, reduto eleitoral do governador de Pernambuco e possível adversário em 2014, Eduardo Campos (PSB).
    A petista deve ter candidaturas aliadas estruturadas nos nove Estados e dois nomes na disputa majoritária em pelo menos quatro (Maranhão, Ceará, Alagoas e Paraíba).
    Campos planeja lançar candidatos em todos os Estados da região, mas sem perspectiva de duplo apoio em nenhuma praça.
    Aécio Neves (PSDB-MG) deverá contar com nomes aliados nos nove Estados, mas os tucanos enfrentam dificuldades para montar palanques sólidos nos maiores eleitorados.
    É nesse eixo que Dilma aposta suas fichas. Ela terá aliados tidos como competitivos na Bahia (26% do eleitorado da região), Pernambuco (17%) e Ceará (16%).
    O problema para os petistas é que a saída de Campos da coalizão governista e o consequente lançamento do seu nome ao Planalto cria barreira para que ela repita o feito de 2010, quando obteve no segundo turno 70% dos votos válidos no Nordeste.
    Reeleito governador com 83% dos votos válidos em 2010, Campos tem o principal palanque em seu Estado, mesmo não tendo ainda definido o nome que irá apoiar para a sua sucessão.
Seu entrave mais sério no Nordeste é o Ceará, Estado em que Dilma conseguiu manter sob sua influência o governador Cid Gomes e seu irmão, o ex-ministro Ciro Gomes. Ambos não aceitaram a cisão com o Planalto e deixaram o PSB de Campos para ingressar no neogovernista Pros.
    Já Aécio tem apoio tímido em Pernambuco, onde pode até mesmo se aliar ao candidato de Campos, e no Ceará, onde dependerá quase que exclusivamente do amparo de Tasso Jereissati (PSDB), que não conseguiu se reeleger para o Senado em 2010.
    Na Bahia, ele espera a definição da candidatura de oposição entre o ex-governador Paulo Souto (DEM) e Geddel Vieira Lima (PMDB).
    "Há um certo mito nessa história de palanques. O eleitor vota com a convicção, com o convencimento", afirma o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), um dos principais articuladores da candidatura de Aécio e ex-governador da Paraíba.
    Para ele, o ingresso de Campos na disputa e o que ele chama de "esgotamento" dos efeitos do Bolsa Família como novidade eleitoral afetarão a performance petista na região.
    "O cenário nordestino é muito bom para Dilma, ela sai com larga vantagem em relação a qualquer outro. Por aqui, não temos medo de enfrentar a campanha", contra-argumenta o líder da bancada do PT na Câmara, José Guimarães (CE).
    Aliados de Campos apostam em sua identidade com o Nordeste para dar a ele desempenho expressivo na região no ano que vem.
INDEFINIÇÂO
    No Maranhão, Estado de tamanho intermediário do Nordeste, os três presidenciáveis ensaiam apoio ao nome de Flávio Dino (PC do B), que lidera as pesquisas e que está hoje no governo federal, presidindo a Embratur.
    Mas a família Sarney pressiona a presidente Dilma a ficar com o candidato do clã, ainda indefinido.
    Nos outros cinco Estados Dilma também já tem perspectivas de palanques, mas em Sergipe pode dividi-lo com Campos.
    O governador de Pernambuco e Aécio podem dividir o palanque na Paraíba e no Piauí, Estados hoje governados pelo PSB.
    Em Alagoas, a situação é uma das mais indefinidas, já que o governador Téo Vilela (PSDB) ainda não escolheu quem irá apoiar.


Na Coluna do CLAUDIO HUMBERTO

“Merece minha homenagem pelo seu comportamento digno”
Ex-presidente Lula referindo-se a José Sarney, a quem atacava durante a Constituinte

MANCHETES DOS JORNAIS

Estado
O Estado do MA:81 médicos estrangeiros chegam para atuar no MA
Região
Jornal do Commercio:Eduardo tem 54% de aprovação. Dilma, 37%. 
Meio-Norte:Ceará invade 4 mil hectares piauiense
O Povo:Prefeito anuncia viaduto por cima de rotatória
Nacional
Correio Braziliense:Servidores da Justiça vão ter estatuto único no país
Estadão:Governo quer ação conjunta contra violência em protesto
Estado de Minas:Nordeste para poucos
Folha:Facção criminosa é suspeita de atuar em protesto em SP
O Globo:Violência em protestos: Governo quer ação conjunta de Rio e SP contra vandalismo
Zero Hora:Na trilha da supersafra: Soja faz exportação gaúcha subir 28,6%

Procure Saber - Gil, Roberto e Erasmo Carlos falam sobre biografias não autorizadas

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terça-feira, 29 de outubro de 2013

No PAINEL da Folha de S. Paulo

CONTRAPONTO
Nota zero
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, se posicionou em frente às câmeras de TV para conceder entrevista sobre o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), na última sexta-feira. Prestes a iniciar sua fala, ouviu o apelo de um jornalista para que aguardasse mais alguns minutos até que fosse providenciado um novo microfone. Passado algum tempo, ao perceber que o equipamento não chegava, o ministro disparou, aos risos:
--Vejam a cena: quem não se preparou para a coletiva não conseguiu chegar na hora. Se fosse no Enem, os portões já estariam fechados e ele seria desclassificado

Políticos do Brasil - Vereador do Rio diz que "mendigo deveria virar ração para peixe" e defende pena de morte

    “Mendigo deveria até virar ração para peixe”. A declaração, dada na Câmara Municipal de Piraí, no Sul Fluminense, pelo vereador José Paulo Carvalho de Oliveira, o Russo (PT do B), na sessão ordinária de 8 de outubro deste ano, virou o assunto da cidade desde a última sexta-feira, quando um vídeo com o discurso foi postado no Youtube. O vereador opinava sobre o voto a moradores de rua.
- Mendigo não tem que votar. Mendigo não faz nada. Ele não tem que tomar atitude nenhuma. Aliás, acho que deveria até virar ração para peixe. Eu não dou nada para mendigo. Não adianta me pedir que eu não dou. Se quiser, vai trabalhar - discursou.
    Wilden Vieira da Silva, o Prico (PSD), presidente da Câmara estava na sessão e ouviu o discurso. Ele confirmou as declarações e disse que pretende se reunir com todos os moradores até esta terça para decidir que medidas tomará em relação a Russo. Para Prico, a declaração polêmica não fere a imagem da Casa:
- Foi a opinião pessoal dele, que não feria em nada a imagem da Câmara. Ele fala em nome dele. Foi um fato isolado.
    Segundo ele, a declaração de Russo foi logo após a declaração de um outro vereador que fez considerações sobre os 25 anos da Constituição Federal.
    Moradores estariam se mobilizando para fazer uma manifestação de repúdio em frente à Câmara, nesta terça-feira (29).
Prefeito foi alertado pelo vice
    O prefeito Luiz Antônio da Silva Neves (PSB) só ficou sabendo das declarações após a divulgação do vídeo, ao ser alertado pelo vice-prefeito da cidade.
- Fiquei sabendo porque o vice-prefeito comentou que viu a repercussão através do Facebook. Achei lamentável, porque trata-se de uma questão que deveria ser sensível a todos nós. Não é admissível uma declaração dessas de um representante político. Espero que ele se retrate - disse.
    O prefeito disse, inclusive, que foi abordado por moradores nas ruas nos últimos dias. No sábado, por exemplo, contou que um homem o abordou para comentar o assunto enquanto ele fazia compras no mercado. Neste domingo, as declarações do vereador Russo foram o assunto de uma festa de aniversário.
- Creio que vai ser o assunto da semana agora que ganhou as redes sociais. Ainda mais por ter acontecido numa cidade pequena - prevê o prefeito.
ASSISTA AQUI:

Charge do dia seguinte- Cabalau (O Estado do Maranhão)


MANCHETES DOS JORNAIS

Estado
O Estado do MA:Allan Kardec pede demissão da pasta de Educação de SL
Região
Jornal do Commercio:No Estado, Eduardo bate Dilma mas perde para Lula
Meio-Norte:Zona Norte terá estação de tratamento d´água
O Povo:Comércio aposta no 13º para aquecer economia
Nacional
Correio Braziliense:Descaso com infraestrutura tira R$ 7 bi do Centro-Oeste
Estadão:Protesto fecha Fernão Dias e Estado pede ajuda federal
Estado de Minas:ENEM acaba. E o ano também
Folha:Protesto em SP tem incêndios e saques; polícia prende 90
O Globo:A nova era do petróleo - Petrobras quer gatilho para subir gasolina
Zero Hora:R$ 9 bilhões – 13º mostra emprego e renda em alta no RS

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Opiniões - FÁBIO PORCHAT

    O que você acha dos Black Blocks? É só vândalo, ou eles estão mostrando que é quebrando tudo que realmente se chama a atenção para as coisas que estão erradas? As manifestações de junho no fundo foram em vão? E os testes em animais? Maldade, necessidade ou faz parte do nosso processo evolutivo? E das biografias não autorizadas, o que você tem a dizer? É censura? Mas e a questão da violação da privacidade? Você viu a Paula Lavigne no Saia Justa? Já procurou saber?

    E a greve dos professores? Eles tão certos em querer melhorias, mas é certo ficar meses sem trabalhar prejudicando as crianças? E os bancários? Humor tem limite? E a ditadura do politicamente correto? E essa Marina Silva, hein? Surpreendendo a todos! O que você achou dessa aliança dela com o Eduardo Campos? Será que vai dar uma chacoalhada nessa eleição? O Lula volta? Você viu a Marina Silva no Jô?
Esse Obama é que não sei não... Que você acha dele? O Papa é que tá fazendo uma limpa lá no Vaticano. Mais cabeça aberta esse cara, né? E agora gay não vai mais poder entrar em culto evangélico. Você concorda com o Feliciano? E com o Jean Wyllys? E o casamento gay? E a adoção de crianças por pais gays? Você viu essa lei nova que tá tramitando aí no Congresso?
    A Copa do Mundo ser aqui foi um erro? E as Olimpíadas? Os recursos empregados em estádios não poderiam ser destinados a projetos mais relevantes como saúde e educação? E esses clubes brasileiros falidos, isso é má gestão, é muita roubalheira, é o futebol brasileiro que não soube evoluir e se profissionalizar ou é tudo junto?
    O que você acha que aconteceu com o Eike Batista? Ele sempre foi uma fraude? E esses cubanos, hein? Isso vai dar certo? A culpa é dos brasileiros que não querem ir pra longe por falta de estrutura ou é culpa do governo, que não possibilita a estrutura? Ou dos dois? Mas não é melhor um médico no meio do nada sem recursos do que nenhum? E se fosse o seu filho numa situação de emergência no interior do sertão?
    E a televisão? Acabou? A internet é o futuro? Ou já é o presente? Taí a NetFlix, né? A culpa é da nova classe C, que melhorou de vida mas não mudou de hábitos? Ou é a TV que tem que oferecer a ela coisas melhores? Como é que se resolve essa questão da Síria? É necessária a intervenção dos EUA? A ONU tem tomado as decisões corretas? Por que a Síria e o Irã não podem ter armas de destruição em massa e os EUA podem?
    Mas é muito ministério, né não? É tudo jogo político pra empregar aliado que o pessoal teve que fazer pra ter mais tempo na TV. Partido nem existe mais. Ou você acha que era só ter menos siglas que resolveria muita coisa? Que você acha, Fábio? Bom, respondendo sua primeira pergunta...
De O Estadão

Em Fortaleza - CAETANO VELOSO


Todos repetem a frase 'é proibido proibir', da canção em que ecoei as paredes de Paris em 68 — que por sua vez ecoavam algum surrealista do início do século XX

    O ministro Marco Aurélio Mello me chamou de jurista. Jurista, eu? Ele teve a argúcia de acrescentar imediatamente “baiano” ao título que me concedeu. Percebi em tudo um tom carinhoso, mas agora só se quer ver ironias ferinas e desavenças. Todos repetem a frase “é proibido proibir”, da canção em que ecoei as paredes de Paris em 68 — que por sua vez ecoavam algum surrealista do início do século XX. Sobre ela já fiz longa reflexão em texto de resposta a Ariano Suassuna, quando este escreveu uma tardia catilinária contra o tropicalismo. Não vou repeti-la aqui: quem quiser saber que procure em “O mundo não é chato”. Aliás, a primeira coisa que me ocorreu quando li o ministro sobre mim foi brincar com o fato de que ele é mais moço do que eu: as boas maneiras pedem que se respeitem os mais velhos. Mas isso já faz mais de uma semana e eu adoraria voltar a falar do livro de Chico Amaral sobre a música de Milton ou começar a falar das “Cartas de marear”, de Helio Eichbauer. Infelizmente, ao contrário do que disse Zuenir, o assunto das biografias ainda não deu o que tinha de dar.
    Na verdade, depois da piada de Zuenir a imprensa intensificou a atitude tropa de choque. A tal ponto que pensei em pôr minha máscara de black bloc e enfrentar os ataques ditos não letais e assim proteger os manifestantes pacíficos que se chamam Chico, Djavan, Marisa, Erasmo, Gil, servindo-lhes de vanguarda militar informal.
    Mas sou da paz. O artigo de Ana Maria Machado deveria ser lido por quem quer que se interesse pelo assunto (pelo visto nas folhas e nas redes, o interesse é enorme, embora não pareça ser pelo que é discutível na questão, e sim pela oportunidade de agredir quem ganhou prestígio no Brasil, país que ainda precisamos tanto provar que não vale nada nem poderá nunca valer nada). Ela fala do instinto de autodefesa desenvolvido por quem sofreu demasiadas vezes a violência do uso ilegítimo da palavra escrita.
    Como jurista baiano, tendo a pensar que o PL 393, ao falar em “divulgação de imagens, escritos e informações com finalidade biográfica” dá demasiada ênfase à liberdade de informação, omitindo completamente qualquer possibilidade de proteção da intimidade. A barulheira que a imprensa faz impede que pensemos com cuidado sobre esse problema. “Divulgação” é termo muito vago e “imagem” nos leva logo a pensar em filmes e minisséries invasivos e rentáveis. Muitos põem a liberdade de expressão acima do direito à privacidade. Mas notemos que, da grande imprensa, só o “Estadão” (que não tem editora de livros) admite que se considere o equilíbrio entre esses dois direitos constitucionais. O resto diz apenas que o direito de informar é absoluto. Nunca quis censura prévia de coisa nenhuma. Mesmo a biografia de Roberto Carlos não foi censurada previamente. Um juiz, valendo-se do que o Código Civil admite, pôde pedir a suspensão das vendas. Depois as partes fizeram um acordo.
     Solidarizo-me com meus colegas. Ao ver notas sobre supostos dramas familiares de jovens atores (com avanços sobre motivos íntimos não confirmados por nenhum dos envolvidos), penso no que disse Ana Maria: nas revistas e sites invadem-se intimidades e a nossa discussão parece ater-se aos livros biográficos. Seja como for, o PL 393 agrava a situação de quem está exposto a isso, já que não temos nada na lei que leve a imprensa a pensar duas vezes. Nem as punições nem a velocidade dos julgamentos intimidam ninguém.
    O que ambiciono, ao dar as costas às minhas antigas ideias simplistas a respeito, é um aprofundamento da discussão. Sinto-me à vontade na posição de desafiar o poder da imprensa. É minha cara. A exigência feita por Ana Maria Machado de que deixemos de brigar por contraste de posições e passemos a tomar conta do respeito às pessoas, que a indústria da notícia escandalosa agride, calou fundo. É nesse panorama que convido as pessoas razoáveis a pensarem comigo. Nada muito diferente do que quer a presidente da ABL: que não ajamos como se a democracia tivesse que escolher entre a censura e a difamação. Será que o tom histérico da imprensa e a psicopatia coletiva das redes são a palavra final? Acho que Chico, Gil e eu não estarmos em posição confortável reafirma nosso histórico, ao invés de desmenti-lo. Eu desconfiaria se os três estivéssemos, ao mesmo tempo, tendo apoio unânime. Nelson Motta, biógrafo, defende força na indenização, que não repara o sofrimento do ofendido mas dói no bolso do ofensor. Não somos um bando de censores. Livros à mancheia e manda o povo pensar. Mas pensar. Em Fortaleza, entre voos longos e show puxado, não posso fazê-lo bem. Embora seja maravilha estar aqui. Mas tento e recomendo.
De O Globo